19 de fevereiro de 2011

(des)escrever-me...

Escrevo. Delicio-me com esse prazer, esse jogo de juntar letras e sentimentos, fazer palavras e textos, inventar histórias ou, simplesmente, reproduzi-las, no papel, para a posteridade, para não esquecer, para as lembrar. Na maioria das vezes, as letras dançam, como eu decido; mas vezes há em que não me obedecem. Fogem, escondem-se. Procuro-as… Mas escondem-se bem escondidas e nada me faz encontrá-las. Desisto e deixo de as procurar, deixo de escrever. Passo dias nesse jejum, nesse abafo que me consome. É uma fase que, sei, passa depressa… Gosto (demasiado) delas. E elas de mim. As letras lá cedem, desistem do jogo das escondidas e mostram-se de novo. Concordam em recomeçar a jogar comigo o jogo da escrita. E logo recomeçamos essa aventura que, para mim, é escrever.
Portanto, escrever não depende só de mim. Depende (maioritariamente) das letras. Se elas não quiserem, não lhes apetecer ou não estiverem para aí viradas… nada feito! Quando querem, fazem-me a vontade e deixam-me escrever.
Então desabafo. E que bem sabe desabafar com o papel! Quando ninguém parece compreender o que sentimos, quando não queremos contar a ninguém o que vai cá dentro, quando queremos registar aquele episódio tão especial do nosso dia… O papel não comenta, não julga, não critica. Pensando bem, o papel deve ser um dos meus melhores amigos! Acho que só ele deve conhecer todos os meus pormenores íntimos, os meus sentimentos, pensamentos, conclusões. Assiste à passagem do tempo, do meu tempo. Desde o “gosto de ti, mamã” que me recordo de ter escrito aos 6 anos, com aquela letrinha redonda e enorme, àquelas paixões arrebatadoras que vivi (vivemos todos, tenho a certeza!) na adolescência e que descrevi nas páginas perfumadas cor-de-rosa do meu “querido diário), até a este texto…
Começo a escrever e, sem me aperceber, a cada letra que imprimo na folha, escrevo-me a mim. Sou eu. Tenho dias tristes e alegres; tenho textos tristes e alegres. Depende… Tudo depende do dia, depende das letras (e da sua vontade), depende de mim.

Sem comentários: