5 de dezembro de 2010

Deixar de fumar

Quando se começa um vício,
não estamos conscientes
de que um vício
é um vício.
Sabe-nos bem,
queremos mais.
Começamos com pouco,
no dia seguinte fumamos um cigarro,
no outro dois,
até ser natural.
Até nos apercebermos de que estamos a fumar.
E percebermos que sabe bem.
Criamos as horas, as rotinas, os momentos,
em que o tempo é ocupado nesse vício,
de fumar.
Se antes líamos, escrevíamos, víamos a novela,
agora fumamos.

Um dia,
fumamos o maço todo.
No seguinte,
não temos cigarros.

Ora,
à partida achamos que não faz mal.
Compramos cigarros nesse mesmo dia,
ou no seguinte.
Nenhuma loja tem,
esgotaram-se os cigarros!
E agora?!
Ok, afinal há uma lojinha que tem mais um maço.
Fumamo-lo todo,
sem pensar,
sem repartir pelos dias.
E ficamos outra vez sem cigarros.

Até que percebemos,
que por muito bem que saiba este vício,
se calhar é melhor deixar de fumar.
Faz-nos melhor,
a longo prazo...

E alguém já experimentou a dificuldade de deixar de fumar?
Têm de criar-se novos hábitos,
para preencher o vazio
daquele vício
que nos sabia tão bem.

Mas continuamos,
com a leve esperança
de encontrar um maço perdido algures
na mala,
ou ao menos um cigarro,
por muito que saibamos que deveríamos deixar de fumar
de vez.



(Quero esclarecer que não fumo, han?)

1 comentário:

Miguel disse...

tenho de te dar mais metáforas destas!mas está muit muito bom o poema:)